A URGÊNCIA
DE UM FUTURO

Quando a Associação ‘A Música e o Mundo’ me convidou para programar uma série de recitais a partir da obra de Francisco Lacerda - e do belíssimo microcosmo que é a sua terra de origem, os Açores - perguntei-me o que poderia trazer da minha experiência como criador para este ciclo; e qual a melhor forma de celebrar o legado do notável compositor açoriano. Curiosamente, a resposta a ambas as questões foi semelhante: olhando para o futuro com um sentido de urgência; criando condições para que a sua música - naturalmente importante por direito próprio - servisse também como o catalisador de algo novo.
Assim, desafiei um grupo de músicos de excelência a pensarem cada um dos seus recitais como um acontecimento singular, a partir dos dois vetores fundamentais dos Encontros - Som e Terra. Paralelamente, em articulação com a Associação, procurámos que o contexto e o local de cada recital fossem igualmente únicos. Que cada um destes momentos pudesse ser, de alguma forma, irrepetível - uma espécie de happenings ecológico-musicais.
Penso que o resultado é um cartaz invulgar e de qualidade superlativa. Mas é, sobretudo, um cartaz aberto a todos: iremos ouvir algumas das páginas mais bonitas da música vocal de Lacerda (as Trovas) e dos seus contemporâneos; um ciclo importante para canto e piano do Romantismo (os Wesendonck Lieder); e a delicada meditação de Hans Otte para piano solo (Das Buch der Klänge) num cenário natural deslumbrante. Teremos ainda a possibilidade de embarcar numa viagem única, que começa em J.S. Bach, e termina com uma transcrição para acordeão - em primeira audição absoluta - da belíssima Canção Triste de Lacerda.
Assim, desafiei um grupo de músicos de excelência a pensarem cada um dos seus recitais como um acontecimento singular, a partir dos dois vetores fundamentais dos Encontros - Som e Terra. Paralelamente, em articulação com a Associação, procurámos que o contexto e o local de cada recital fossem igualmente únicos. Que cada um destes momentos pudesse ser, de alguma forma, irrepetível - uma espécie de happenings ecológico-musicais.
Penso que o resultado é um cartaz invulgar e de qualidade superlativa. Mas é, sobretudo, um cartaz aberto a todos: iremos ouvir algumas das páginas mais bonitas da música vocal de Lacerda (as Trovas) e dos seus contemporâneos; um ciclo importante para canto e piano do Romantismo (os Wesendonck Lieder); e a delicada meditação de Hans Otte para piano solo (Das Buch der Klänge) num cenário natural deslumbrante. Teremos ainda a possibilidade de embarcar numa viagem única, que começa em J.S. Bach, e termina com uma transcrição para acordeão - em primeira audição absoluta - da belíssima Canção Triste de Lacerda.
Por fim, teremos (e digo-o com particular satisfação) um espaço amplo dedicado à música portuguesa – com mais de uma dezena de compositores nacionais representados, e em particular à nova música portuguesa - com três obras em estreia absoluta (uma das quais encomendada para os Encontros pela Associação).
Regressar ao nosso passado ilustre – essa revisitação tranquilizadora da ordem dos paraísos perdidos - é fundamental, para que tenhamos contexto e um pé de apoio firme; às grandes obras e aos grandes mestres - que nos dizem que, algures no tempo, já fomos extraordinários. Mas essa necessidade de validação pode e deve coexistir com a coragem do mergulho no desconhecido. Os artistas e criadores que partilham este mundo connosco, e que precisam do nosso apoio e da nossa atenção para correrem riscos a inventar o futuro da música, são demasiado importantes para serem negligenciados. Precisamos deles para que, tal como no passado, fixem para o futuro uma consciência coletiva única: a consciência de agora. Precisamos deles para que, algures do futuro, nos possam ver também como extraordinários. Porque, como diz Daniel Blum, ‘enquanto alguma coisa existe, ela não é ainda o que um dia terá sido. Quando alguma coisa já passou, já não somos aquele a quem ela aconteceu.’
Se estes Encontros puderem - ainda que modestamente - contribuir para esta reflexão, a nossa missão terá sido cumprida.
Vasco Mendonça,
julho 2021
Regressar ao nosso passado ilustre – essa revisitação tranquilizadora da ordem dos paraísos perdidos - é fundamental, para que tenhamos contexto e um pé de apoio firme; às grandes obras e aos grandes mestres - que nos dizem que, algures no tempo, já fomos extraordinários. Mas essa necessidade de validação pode e deve coexistir com a coragem do mergulho no desconhecido. Os artistas e criadores que partilham este mundo connosco, e que precisam do nosso apoio e da nossa atenção para correrem riscos a inventar o futuro da música, são demasiado importantes para serem negligenciados. Precisamos deles para que, tal como no passado, fixem para o futuro uma consciência coletiva única: a consciência de agora. Precisamos deles para que, algures do futuro, nos possam ver também como extraordinários. Porque, como diz Daniel Blum, ‘enquanto alguma coisa existe, ela não é ainda o que um dia terá sido. Quando alguma coisa já passou, já não somos aquele a quem ela aconteceu.’
Se estes Encontros puderem - ainda que modestamente - contribuir para esta reflexão, a nossa missão terá sido cumprida.
Vasco Mendonça,
julho 2021
DIREÇÃO DE PROJETO
Filipa Lacerda,
Alexandre Almeida,
António Câmara Manuel
Filipa Lacerda,
Alexandre Almeida,
António Câmara Manuel
PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA
Vasco Mendonça
Vasco Mendonça
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Francisco de Lacerda
A Música e o Mundo Associação Cultural
Francisco de Lacerda
A Música e o Mundo Associação Cultural
COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA IMPRENSA
Helena Marteleira
Francisca Sobral
Helena Marteleira
Francisca Sobral
IDENTIDADE GRÁFICA
E SITE
Inês von Hafe Pérez
E SITE
Inês von Hafe Pérez
FOTOGRAFIA
Alípio Padilha
VÍDEO
Francisca Alves
Alexandre Almeida
Alípio Padilha
VÍDEO
Francisca Alves
Alexandre Almeida
APOIOS
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C. M. Calheta, C. M. Angra do Heroísmo, C. M. Ponta Delgada, C. M. Lisboa / EGEAC, Museu de Angra do Heroísmo, Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas, Conservatório Regional de Ponta Delgada, Horta Seca, Duplacena, Antena 2, Fernando Rosado Pianos

C. M. Calheta, C. M. Angra do Heroísmo, C. M. Ponta Delgada, C. M. Lisboa / EGEAC, Museu de Angra do Heroísmo, Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas, Conservatório Regional de Ponta Delgada, Horta Seca, Duplacena, Antena 2, Fernando Rosado Pianos